Você já se perguntou qual é a diferença entre animais silvestres e animais exóticos? Apesar de muitos acreditarem que esses termos se tratam dos mesmos bichos, seus conceitos são completamente diferentes. Neste artigo, iremos esclarecer os conceitos e explicaremos os impactos causados pela introdução de espécies exóticas em diferentes ecossistemas. Leia até o final para entender!

Animais Silvestres e Exóticos são diferentes?

A resposta para essa pergunta é sim! Cada um desses conceitos se refere a um grupo de animais distintos, por assim dizer. Vamos às definições: 

Animais silvestres: 

Os animais silvestres são aqueles que habitam a natureza em seu ambiente natural ou foram retirados da natureza há poucas gerações. Eles incluem uma vasta gama de espécies, como pássaros, cobras, macacos, onças, cachorros-do-mato, sapos e muito mais. 

Infelizmente, muitas pessoas adquirem animais silvestres como pets, mas essa prática é amplamente desencorajada, pois esses animais desempenham papéis ecológicos cruciais em seus habitats naturais. Retirá-los da natureza para serem explorados como animais de estimação impede que desenvolvam seus comportamentos e instintos naturais

Diferentemente de cães e gatos, que passaram por milênios de domesticação, os animais silvestres não são adequados para ambientes domésticos, mesmo aqueles nascidos em cativeiro. Eles são, por natureza, selvagens, o que significa que vivem em seus habitats naturais, não são domesticados e tendem a reagir se distanciando ou fugindo de pessoas por terem o instinto de se protegerem. Alguns podem até apresentar comportamento agressivo e dificuldade em se adaptar à convivência com humanos. 

Além disso, a comercialização de animais silvestres como um todo contribui para o tráfico de animais silvestres, provocando impactos irreparáveis à biodiversidade e ao meio ambiente como um todo. Portanto, lugar de animal silvestre é na natureza!

Temos um artigo de blog que explica todos os problemas desencadeados pelo tráfico de animais silvestres. Clique aqui para ler.

Animais exóticos:

Animais exóticos, por outro lado, são aqueles que não são nativos da fauna do país em que se encontram, são levadas ou introduzidas numa determinada região pelo ser humano. Por exemplo, o furão, um animal silvestre europeu, é frequentemente comercializado no Brasil. Portanto, animais considerados exóticos em um país podem ser animais silvestres nativos em outras partes do mundo.

Espécies Exóticas Invasoras: Um Desafio para a Biodiversidade

O conceito de espécies exóticas invasoras representa uma preocupação crescente nos ecossistemas globais. Essas espécies, que se encontram fora de suas áreas de distribuição natural, podem desencadear impactos devastadores sobre as espécies nativas, ecossistemas e até mesmo a vida humana. 

A adaptação eficaz a novos ambientes, a ausência de predadores naturais e a degradação dos habitats são alguns dos principais fatores que permitem que essas espécies se tornem invasoras, competindo por recursos essenciais, como território, água e alimento, com as espécies nativas.

Um exemplo emblemático dessa problemática é a rã-touro (Lithobates catesbeianus), inicialmente importada dos Estados Unidos para fins de alimentação. Com uma taxa reprodutiva impressionante e crescimento rápido, essa espécie encontrou no ambiente brasileiro condições ideais para se expandir. À medida que escapava de seus criadouros, ela se integrava aos habitats naturais, muitas vezes expulsando anfíbios nativos.

No Brasil, temos duas populações de rãs-touro e esses animais representam um sério problema ambiental, pois vem predando e transmitindo doenças para a fauna nativa.

Foto: TV Tem/Reprodução

O lagostim-vermelho (Procambarus clarkii), nativo dos Estados Unidos, conquistou uma presença global invasiva em mais de 30 países, incluindo o Brasil. Sua alta capacidade de reprodução e tolerância a diferentes condições ambientais, combinadas com a falta de predadores naturais, o tornam uma ameaça significativa.

O caracol-gigante africano (Achatina fulica), uma vez introduzido no Brasil, se espalhou e causou problemas significativos. Invadindo casas e se alimentando de várias espécies vegetais, essa espécie afetou a agricultura e até mesmo a saúde humana, pois pode transmitir doenças. 

Outro exemplo é o javali (Sus scrofa scrofa), introduzido intencionalmente na Argentina e no Uruguai para a caça, que acabou invadindo o Brasil e representando uma ameaça tanto à biodiversidade quanto à agricultura. 

Foto: Depositphotos.

Impactos provocados pela introdução de animais exóticos

As espécies exóticas invasoras têm impactos devastadores. Elas competem por recursos com as espécies nativas, podem levar à extinção de espécies locais e perturbar o equilíbrio dos ecossistemas. 

Elas podem afetar negativamente a pesca, a agricultura e os ecossistemas marinhos e terrestres, gerando sérias consequências. Além disso, causam prejuízos econômicos significativos, como entupimento de filtros em usinas hidrelétricas, danos à agricultura e diminuição da produção de alimentos.

Em alguns casos, como o mosquito da dengue (Aedes aegypti), a disseminação acidental de espécies exóticas também pode ter implicações na saúde humana. Além disso, as espécies invasoras podem acumular substâncias tóxicas que, quando consumidas por outros organismos, podem afetar a população humana que depende desses recursos.

A prevenção é a melhor estratégia

Para combater esse tipo de bioinvasão, é essencial acompanhar as espécies exóticas com potencial de invasão e intervir antes que seja tarde demais. Isso envolve a implementação de estratégias de manejo e controle, que variam de acordo com a espécie invasora e seu comportamento.

Além disso, a conservação dos ambientes naturais desempenha um papel crucial na prevenção da invasão. Manter os ecossistemas saudáveis e intactos ajuda a reduzir a oportunidade de entrada de espécies exóticas invasoras. A conscientização pública sobre o transporte de animais, plantas e outros organismos também é fundamental para evitar a disseminação.

Em resumo, a compreensão das diferenças entre animais silvestres e exóticos, juntamente com a conscientização sobre os impactos das espécies exóticas invasoras, desempenha um papel fundamental na conservação da biodiversidade e na proteção dos ecossistemas. A prevenção e o controle ativos são essenciais para mitigar os efeitos prejudiciais dessas introduções e garantir o equilíbrio da vida na Terra.

Autor: Juliana Cuoco Badari – Greenbond.

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