Exemplo de ação de educação ambiental no ensino não formal: palestra em empresa.
Acervo Instituto Libio.
Você sabia que a educação ambiental não se restringe às quatro paredes da escola, mas também pode ser praticada em outros espaços, como empresas privadas, públicas, organizações não-governamentais (ONGs) e até mesmo em casa?
A educação ambiental é um direito fundamental do cidadão e contribui diretamente para a proteção do meio ambiente e para a promoção da cidadania e da dignidade das pessoas. Ela representa mudança de hábito que pode contribuir para uma melhor qualidade de vida e uma boa relação entre sociedade e ambiente.
A educação abre espaço para criar, aprender e trazer novas ideias. Além disso, normalmente relaciona-se a educação como algo positivo e inovador.
O processo de aprendizagem não ocorre de forma pontual como uma aula ou um evento, mas em um processo contínuo que pode iniciar cedo, acompanhando o desenvolvimento das crianças e jovens se estendendo por toda a vida adulta.
Das instituições até o cidadão, somos todos responsáveis pelo equilíbrio do planeta!
A Política de Educação Ambiental do Estado de São Paulo (Lei nº. 12780/2007), julga “a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico, político e cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”.
A Educação Ambiental deve ser entendida como um processo no qual a participação e o envolvimento de todos é essencial, de modo que famílias, escolas e comunidades estejam integradas. A instituição “escola” é um instrumento fundamental no desenvolvimento da educação ambiental, é importante que através da escola crianças e jovens possam ensinar aos pais, responsáveis ou pessoas que sejam próximas sobre as questões ambientais, porém a educação ambiental não se limita ao ambiente escolar e a este público.
De forma equivocada, muitos associam a educação ambiental somente ao estudo relacionado às ciências naturais (biologia, química, física), mas cabe lembrar que esta não se restringe a essas áreas e profissionais.
O artigo 4º da Lei Federal Nº. 9.795/1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, também esclarece que a Educação Ambiental não é um assunto exclusivo de movimentos sociais, de ambientalistas ou de indivíduos que estudam ou atuam no âmbito do meio ambiente, mas que deve compreender toda a sociedade, inserindo-a nessa discussão. Pelo fato da educação ser parte da sociedade, a inserção desses temas nesse ambiente ocorre como efeito, ou seja, é uma responsabilidade inerente de formar cidadãos éticos e comprometidos com a sustentabilidade e a preservação ambiental para as próximas gerações. Vê-se, portanto, a necessidade de buscar ações coletivas para construir valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências focadas na preservação ambiental que é de uso comum, essencial à qualidade de vida e à sustentabilidade.
A Política Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 2º, inciso X, prevê “a educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”.
A educação ambiental tem o papel de integrar o ser humano, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o ser humano.
As práticas em educação ambiental devem considerar a realidade local, levando em conta a perspectiva histórica, pois ela diz muito sobre os aspectos culturais e sociais do público-alvo, além de possibilitar que a situação futura desejada seja condizente com os anseios e possibilidades dos envolvidos, estimulando o convívio entre públicos distintos por uma causa comum.
Ao envolver alunos, professores e comunidades locais, cria-se uma rede de agentes de mudança ambiental. Um exemplo simples é que esse envolvimento influencia positivamente a maneira como as famílias lidam com seus resíduos em casa, ampliando o impacto dos programas para além dos muros da escola ou das divisas de trabalho. Os pais que ensinam seus filhos a separarem o resíduo doméstico são exemplos práticos que influenciaram os pequenos a terem motivos e vontade de agir corretamente colaborando com as questões ambientais.
As pessoas que não têm afinidade com os temas ambientais também têm suas influências no meio ambiente, querendo ou não, e sequer sabem que as suas atitudes impactam positiva ou negativamente o planeta. Sendo assim, são necessárias estratégias para atingir esse público a fim de informá-los que sua participação reflete na saúde do ambiente.
A união das mais diversas profissões nas diferentes classes e grupos sociais têm a possibilidade e dever de trabalhar a inclusão da educação ambiental dentro de suas atividades.
A educação ambiental está intimamente ligada ao desenvolvimento sustentável e, consequentemente, à qualidade de vida nas comunidades. Portanto, a educação ambiental é fundamental para a transformação do atual estágio de degradação ambiental.
Educação ambiental formal e não formal:
O artigo 2º da Lei nº. 9.795/99 refere-se à educação ambiental como componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
Tanto o ensino formal como não formal são indispensáveis para modificar a atitude das pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas do desenvolvimento sustentável e abordá-los. O ensino é também fundamental para conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância com o desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas de decisão, conforme a AGENDA 21, que é um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis.
A educação ambiental formal é definida pela Política Estadual de Educação Ambiental como a educação desenvolvida no campo curricular de todas as instituições escolares (públicas e privadas, educação básica e ensino superior). Seu currículo é estruturado, seguindo diretrizes educacionais específicas.
Em ambientes educacionais, a integração de conhecimentos e temas ambientais podem ser trabalhados praticamente dentro de todas as disciplinas. Fica a critério e dever dos educadores promoverem as melhores e mais adequadas formas de introduzir conhecimentos de conservação ambiental em associação a outros temas específicos.
Os temas sobre sustentabilidade e ecologia, por exemplo, são fáceis e versáteis de serem trabalhados e promovidos em diferentes disciplinas, como por exemplo a introdução de histórias sobre conservação do meio ambiente em aulas de língua portuguesa que abordam a interpretação de textos e regras de escrita. Nas aulas de biologia, por exemplo, pode-se abordar o cultivo de alimentos, alimentação saudável e técnicas e processos menos agressivos ao meio ambiente na sua produção. Nas aulas de matemática, introdução de exercícios e problemas matemáticos que abordem a resolução de um problema ambiental.
A educação ambiental não formal refere-se às ações e práticas voltadas à conscientização, sensibilização e formação coletiva para proteção e defesa do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida. Essas ações podem ser caracterizadas através da disseminação dos meios de comunicação em massa e através dos recursos de mídia e de tecnologia. Além disso, podem ser caracterizadas por ações que promovam o desenvolvimento de processos de formação para públicos distintos e por ações que estimulem e considerem a extensa participação da sociedade na formulação e execução de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. Nesta modalidade de educação, pode ser realizada, por exemplo, a divulgação de conteúdo que estimule, sensibilize e capacite a sociedade para a importância de uma Unidade de Conservação e das populações tradicionais (indígenas, quilombolas, caboclos, ribeirinhos, pescadores) que a envolvem. A sensibilização de agricultores para as questões ambientais e as atividades de ecoturismo, sensibilização de empresários. Nota-se que a educação ambiental pode e deve ser aplicada de forma ampla!
Os poderes públicos federal, estaduais e municipais também devem incentivar a difusão de campanhas educativas e informações relacionadas ao meio ambiente, a participação das empresas públicas e privadas, meios de comunicação, universidades, ONGs, escolas e sociedade na formulação, execução e desenvolvimento de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não formal. As empresas e organizações da sociedade civil podem desenvolver programas de educação ambiental em parceria com as instituições formais de ensino e outros programas direcionados aos estudantes ou comunidades escolares.
A educação ambiental não formal tem a capacidade de alcançar públicos diversos e de todas as idades. Ao contrário do ensino formal, que se limita aos jovens em idade escolar (com raras exceções), a educação não formal pode envolver adultos, idosos e até mesmo crianças em idade pré-escolar. Isso cria uma ampla rede de conscientização ambiental que transcende barreiras geracionais e sociais.
Aspectos sociais na educação ambiental do ensino não formal
Independente de classe social, desde as pessoas com menor nível de instrução até os profissionais com diversas formações, é possível ser um agente multiplicador de conhecimentos que colaborem com a educação ambiental e contribuam de alguma forma para ensinar e aprender assuntos relacionados às questões ambientais.
Não é preciso ter grande poder aquisitivo para ensinar seu filho a destinar corretamente o resíduo ou plantar e cuidar de uma muda de árvore, mas, quando as condições permitem, é necessário ter boa vontade, caráter e consciência ambiental para refletir sobre as consequências que cada ato pode gerar no meio e nas vidas existentes no planeta. Precisamos nos integrar à natureza e compreender o nosso papel no meio ambiente!
Sabemos que existem diversos entraves e dificuldades para que a educação ambiental seja implantada de forma eficaz e efetiva e, para isso é preciso ter políticas públicas que auxiliem no processo, pois a sociedade civil por si só não consegue atuar plenamente.
Em comunidades onde não há moradias dignas, saneamento básico, água tratada e alimentação adequada e outros recursos básicos para atendimento da população, torna-se extremamente difícil debater e conscientizar as pessoas sobre aspectos de preservação ambiental, já que o mais urgente são as condições mínimas adequadas de sobrevivência.
Por isso, é necessário derrubar diversos obstáculos sociais que ainda existem para que a educação ambiental seja aplicada a todos de forma inclusiva.
Quanto mais cedo compreendermos esse tema e as possibilidades que ele oferece, mais fácil será aumentar a quantidade de pessoas conscientizadas e o nível de compreensão dos envolvidos.
Cada pessoa faz a diferença!
Cabe a nós perceber a importância da integração de todos os cidadãos, independente de sua posição social ou demais particularidades. Todo esse esforço, interação e iniciativa visam um bem comum: preservar o nosso planeta, nossa casa.
As iniciativas educacionais conscientizam as pessoas sobre a interdependência entre a natureza e a vida humana. O conhecimento é fragmentado na sociedade, e cada um desempenha uma função, podendo ensinar aos demais sobre aquilo que pratica, seja profissionalmente ou como tema de interesse.
Quando essas iniciativas estão presentes localmente, é possível mobilizar-se junto com sua comunidade, seja no condomínio, no bairro, na empresa, na escola, em qualquer lugar. Assim o engajamento ao redor motiva a continuidade das práticas sustentáveis e ambientalmente corretas.
Cabe a nós refletir sobre nossas práticas, uma vez que a educação ambiental é um processo em permanente construção que tem como objetivo promover a renovação da autoimagem da percepção dos indivíduos perante o mundo e perante a coletividade. Isso possibilita não só a aquisição de novos conhecimentos, mas o despertar de valores e execução de novas atitudes em relação ao meio ambiente.
A educação ambiental é única, não é ramificada. A distinção entre as variadas modalidades de educação ambiental é feita apenas para diferenciar onde ela será realizada, dentro de um ambiente formal de ensino ou ultrapassando essa fronteira.
É necessário que os conhecimentos que ajudam de alguma forma o meio ambiente estejam acessíveis e em grande quantidade e diversidade, à disposição do maior número de pessoas para que seja replicado.
Nossa forma de viver, produzir e consumir impacta diretamente o meio ambiente e determina o legado que deixaremos para as futuras gerações.
Se adotarmos práticas sustentáveis, buscando equilibrar o desenvolvimento econômico, social e ambiental, podemos deixar um planeta mais saudável e resiliente. Isso inclui ações como reduzir o desperdício, utilizar de forma responsável os recursos naturais, promover a reciclagem, investir em energias renováveis, conservar áreas verdes e proteger a biodiversidade.
Que futuro queremos deixar às próximas gerações?
Temos em nossas mãos o poder de reverter essa realidade e viver um futuro sem carências. Não precisamos de muito, apenas uns dos outros.