O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), desde 2007, aprovou uma resolução que estipula os critérios para que uma espécie silvestre nativa possa ser autorizada como animal de estimação no país, a chamada “Lista Pet”.

Nos últimos meses este assunto colocou novamente em pauta quando o Governo Federal junto da ABEMA (Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente) vem articulando para lançar a Lista PET Brasileira, que tem o intuito de selecionar quais espécies da fauna nativa brasileira podem ser comercializadas em lojas e sites do Brasil. Este tema alcançou grande repercussão quando o Conama, sem a devida representatividade da sociedade civil e organizações conservacionistas, aprovou uma pré “lista pet”, listando animais ameaçados de extinção como a jaguatirica, a anta, o gato-mourisco o tamanduá, além de aves e répteis.

A pré-lista é composta por várias espécies de animais, inclusive com risco de extinção. Mas esse não é o problema maior… Um dos absurdos é a presença da jiboia Corallus cropanii, uma das serpentes mais raras do mundo, como salientou para a Folha de São Paulo, o biólogo e zoologista Mauricio da Cruz Forlani, consultor sobre tráfico de animais.

Várias organizações se mobilizaram. O presidente da SBP (Sociedade Brasileira de Primatologia) e também pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso, Gustavo Canale, afirmou que nenhuma espécie de primata nativo do Brasil deve ser incluída nessa lista e lançou a campanha #EuNaoSouPet , que vai contra o interesse da população em adquirir macacos como animais de estimação. Ele afirma que a preocupação vai ainda além da conservação desses animais. O convívio destes animais com grupos da mesma espécie é essencial para o próprio desenvolvimento. Quando são privados disso, esses animais desenvolvem doenças mentais, ficando ainda mais agressivos. E com isso vem o abandono. Afirma ainda que existe o risco da população contrair doenças infecciosas, que são transmitidas de animais para humanos.

A Ampara Silvestre também acompanha esta discussão de perto e afirma que vai lutar para que animais silvestres não sejam transformados em meras mercadorias. Lugar de animal silvestre é na Natureza, apoiando também a campanha #SilvestreNãoÉPet

A comercialização de animais silvestres como bichos de estimação já ameaça milhões de espécies no planeta. “O Instituto Raquel Machado acredita que tratar animais como “mercadorias” é uma atitude que demonstra a desconexão do ser humano com as outras espécies. Muitos destes animais quando adquiridos, após algum tempo são abandonados em locais inapropriados, como ruas, praças ou outras locais impróprios. Importante lembrar que segundo a World Animal Protection, o comércio legalizado estimula o tráfico. Segundo um levantamento feito pela organização, 60% das espécies mais traficadas em São Paulo são as mesmas encontradas na criação legalizada.”

“Compactuamos com os que entendem que a comercialização de animais selvagens como pets representa uma afronta à ética, ao meio ambiente, à Constituição, à Lei de Crimes Ambientais e uma temeridade sanitária de consequências imprevisíveis.”

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